Eu quero ver o seu pavão.

Com essa frase quase aparentemente sem sentido, a cantora norte-americana Katy Perry perpetua a tradição das brincadeirinhas de conteúdo sexual na música pop. “Peacock”, provável 3º single do seu novo álbum Teenage Dream, pode ser traduzido como Pavão. No entanto, uma olhada melhor nestes trechos da música já mostram que não é bem à ave que adora abrir e exibir o rabo que ela faz referência:

Are you brave enough to let me see your peacock?
What you waiting for, it’s time for you to show it off
Don’t be a shy kinda guy I’ll bet it’s beautiful
Come on, baby, let me see
What you hiding underneath

I wanna see your peacock, cock, cock
Your peacock, cock
Your peacock, cock, cock
Your peacock

O que vai ser melhor quando essa música bombar nas rádios pop do Brasil é que esta última parte parece mais ou menos isso:

I wanna see your pica, ca, ca, your pica, ca

Mais legal ainda vai ser ver a reação dos pais norte-americanos (se você acha que seus pais são conservadores, reze para não nascer numa família tradicional norte-americana na próxima encarnação) ao ver seus pimpolhos cantarolando felizes essa maravilha da indústria fonográfica (eu não estou sendo irônico, ok? Eu amo pop, amo a Katy Perry, essa música é muito boa e EU GOSTO MERMO É DA PUTARIA).

Aqui abaixo vocês podem ver a performance ao vivo de “Peacock”:

A última polêmica de que me lembro envolvendo letra de música pop veio de “If U Seek Amy”, da Britney, cujo título tem pronúncia igual a “F-U-C-K me”. A associação de pais (até isso existe?) norte-americanos quis proibir que a música fosse exibida nas rádios e emissoras de TV no horário entre as 6h e 22h. Não deu em nada, a música foi um sucesso e o clipe ainda satirizou o moralismo da instituição familiar ao mostrar uma Britney bitch (pleonasmo) que se “fantasia” de mãe de família educada e exemplar.

O clipe vocês podem mexer os palitinhos e procurar no YouTube, o que eu quero mesmo é que vocês vejam o vídeo do Chris Crocker a respeito da polêmica com If U Seek Amy:

É isso, meus amores, mostrem seus pavões e mostrem que moralismo de cu é peacock. POP IS ABOUT SEX.

Tia Madge e o milagre da tecnologia

A Lady Gaga passa uma eternidade prometendo o clipe da música “Telephone” e, quando ele finalmente aparece, vira sucesso absoluto. Então eu também me vejo no direito de ter demorado tanto pra postar rs.

Então, tô aqui pra falar que hoje eu tava de bobeira no Shopping Recife e descobri, ao entrar na Saraiva Mega Store, que a Madonna lançou (também depois de milênios) o tão esperado DVD da segunda turnê mais lucrativa da história, a Sticky & Sweet Tour. CLARO que eu comprei.
Capa do
Então, se na Confessions Tour (do álbum “Confessions on a Dancefloor”) a Madonna tava na vibe “tô no ápice da minha produção musical, tô reinventando o dance e faço um show pro meu público entrar em transe”, ela volta na Sticky & Sweet Tour (do álbum “Hard Candy”) pra dizer “faço pop água com açúcar mas eu sou diva, encho o cu de dinheiro lotando estádios no mundo inteiro e posso até ser uma negação como cantora, mas sei fazer o negócio direitinho”.

De fato, 10 em cada 10 fãs da Madonna podem afirmar, sem medo de serem apontados como cagonas na boate, que o Confessions é o melhor álbum desses anos que podemos considerar como “fase atual” da cantora. Mas o Hard Candy, esse cd popzinho mediano e que não acrescentou musicalmente muita coisa, pode se transformar num espetáculo se for bem trabalhado. E é isso que se vê no DVD.

Se todas as guei que se jogaram nas milhas pra ir aos shows da diva em Sampa e no Rio (e me mataram de inveja na época, inclusive minha irmã, essa aleijada MAS EU FUI PRO DA BEYONCE OK MORRA DE ENVEJA) podem falar que a experiência é fora do mundo real, venho por meio deste post avisar que a tecnologia pode fazer muito pelas guei que não se jogaram e ficaram chupando o dedo em casa. O que o DVD mostra na maior vibe estética videoclipe é algo que nenhum ser humano é capaz de ver sem a ajudinha da nossa amiga tecnologia com suas técnicas de edição de vídeo. As trocentas câmeras e os planos de pouquíssimos segundos mostram um show vibrante, colorido, repleto de informações rápidas e variadas.

SIM, É ELA, É A PÓS-MODERNIDADE. É o audiovisual que não permite que você faça a digestão do que você vê, que não deixa espaço pra você pensar. São signos e mais signos e mais signos e tudo que dá pra você dizer é “uau”. São signos desconexos, uma mistura de fenômenos da natureza, culturas orientais, religiões, brincadeiras de criança, lutas e infinitos outros. Ou seja, ninguém entende direito o que se quer dizer, mas o sentimento de “riqueza de referências vazias” faz aqueles que gostam de discutir cientificamente a comunicação (exemplo: eu) perceberem que é tudo mera apreciação estética. Se uma ou outra mensagem importante é passada (como no medley “Get Stupid” em que, paradoxalmente, algumas mazelas mundiais são exibidas ao lado do entretenimento capitalista que atrai os olhares das pessoas), é só a persistência da Madonna em retomar a vibe cabalística de alguns anos atrás a cada nova turnê.

Enfim, a qualidade da produção do DVD deixa passar despercebida (OU NÃO) a falta de talento vocal da cantora, já que o áudio é completamente manipulado para parecer que ela sabe cantar ao vivo, o que fica evidente se você comparar a voz dela cantando e gritando quando interage com os fãs (sim, ela desafina até falando).

E o que é isso senão o pop, não é minha gente? A espetacularização do medíocre, a glamurização do decadente, o sujo se torna clean, o feio se torna belo e uma nova proposta de consumo de música é criada. Pop não é música, pop é música, imagem, dança, moda e atitude. Pop é performance. Se você não entende o pop, você não se sente frustrado por isso, porque pelo menos se divertiu (diferente do cult, que você enfrenta horas árduas de monotonia pra no final não entender o que o criador quis dizer e ficar se julgando a pessoa mais idiota do mundo).

Pra concluir meu prolixo post (e eu insisto em dizer que não é prolixidade, é coisa demais pra falar mesmo), minha opinião sobre o dvd é positiva. O show inteiro é eletrizante, aquelas músicas normaizinhas do Hard Candy viram algo que você não esperava. Alguns destaques (meus) vão para: as remixagens de alguns sucessos antigos, como “Vogue, “Like a Prayer” e “Ray of Light”, que deram MUITO certo; a performance de “Devil Wouldn’t Recognize You”, minha música favorita do álbum “Hard Candy”; a participação de outros artistas como Britney, Justin Timberlake e Pharrell Williams através do telão; o “momento latino/nostálgico” do show na sequência Spanish Lesson/Miles Away/La Isla Bonita/Me Darava/Doli Doli/You Must Love Me/DON’T CRY FOR ME ARGENTINA (exclusiva para Buenos Aires); a guei que pede pra Madonna cantar “Like A Birgin” e afirma ser “half and half birgin” (MEDO).

Beijosmecomentem.