CinePE

Ontem (30), foi meu primeiro dia de  CinePE.

Destaque para a Mostra de Curtas:

Amigos Bizarros do Ricardinho (35 mm, Ficção, Direção: Augusto Canani, 21’, RS)

Levou o público à aaaaaaaaaltas risadas. E o público publicitário, tenho certeza, riu ainda mais.

O curta se passa numa agência de propaganda e o protagonista é contratado como estagiário no setor de arte finalização. Ricardinho tem algum problema motor, o branquelo, baixinho, dos dentes tronxos, treme-treme (e aí vem um corte, mostrando ricardinho tremendo durante uma prova, quando ainda criança) e se atrapalha um pouco, atrasando as peças. Um locutor em off narra todo o filme, até que cabra começa a falar. E aí a gnt conhece os estranhos amigos de Ricardinho, através de histórias – que por sinal,  não eram para ser piadas – que ele conta, pegando a deixa nas desgraças dos colegas de trabalho. O CinePE aplaudiu por um considerável tempinho aquele sotaque gaúcho, ché.

Além desse, tivemos:

Se Meu Pai Fosse de Pedra (Digital, Documentário, Direção: Maria Camargo, 19’, RJ)

O Plano do Cachorro (Digital, Ficção, Direção: Arthur Lins e Ely Marques, 10’, PB)

Zé(s) (35 mm, Documentário, Direção: Piu Gomes , 15′, RJ)

Quando a Chuva Chegar (35 mm, Ficção, Direção: Jorane Castro , 15′, PA)

Destaque para “Zé (s)” – que mostrou de forma belíssima o encontro entre José Celso Martinez e José Perdiz – e pro casal de velhinhos se agarrando no “Quando a Chuva Chegar”.

O longa, pra encerrar a Mostra Competitiva,  ficou por conta do diretor Jorge Durán com o filme “Não Se Pode Viver Sem Amor”.

Como eu sempre digo, filme brasileiro tem que ter Ângelo Antônio sofrendo.

E ele tava lá, assistindo pela primeira vez (foi o que ele disse no discurso) o filme que protagonizou.

Quem não apareceu pessoalmente foi Cauã Reymond, que tá um gatinho em cena.

Foto (via Revista Quem)

Cauã era João, personagem que levantou risadas quando, atrapalhado, resolve roubar para pagar suas dívidas e se casar com Gilda (Fabiula Nascimento), uma prostituta. Ríamos da cara de pau do sujeito, que rouba, sequestra e invade a casa do personagem vivido por Ângelo no dia da morte de seu pai. Toda a história se passa no Rio, às vesperas do Natal. Rogério Fróes – o pai morto – subiu no palco, antes da exibição, pra falar da admiração que teve com o Evento, na verdade, com o entusiasmo do público. Falou bonito. 2000 mil pessoas lotando o cinemão do centro de convenções, respondendo com aplausos, vaias, risos… Nãos se encontra facilmente por aí.

A homenageada Júlia Lemmertz, recebeu o Calango de Ouro.

Que mulher linda, minha gente. Pena que não levou o marido pra gnt cruzar com ele pelos stands… :s

Noite passada gastei bem meus 4 conto de estudante.

Tenho certeza que hoje será um bom investimento também (campanha publicitária feelings).

Aí vai a programação:

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS E LONGAS-METRAGENS
Hora: 18h30
Local: Cine Teatro Guararapes – Centro de Convenções
Acesso: Ingresso (Inteira R$8,00 / Meia R$4,00)

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS DIGITAIS
Áurea (Digital, Ficção, Direção: Zeca Ferreira, 16’, RJ)
Família Vidal (Digital, Documentário, Direção: Diego Benevides, 15’, PB)

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS EM 35 MM
Geral (35 mm, Documentário, Direção: Anna Azevedo, 14′, RJ)
Nego Fugido (35 mm, Ficção, Direção: Cláudio Marques e Marília Hughes Guerreiro , 16′, BA)
Um Médico Rural (35 mm, Ficção, Direção: Cláudio G. Fernandes, 21′, PE)
Homem-Bomba (35 mm, Ficção, Direção: Tarcísio Lara Puiati, 13′, RJ)

HOMENAGEM
Tony Ramos

MOSTRA ESPECIAL DE LONGAS-METRAGENS – HORS CONCURS
Quincas Berro D’Água (35 mm, Ficção, Direção: Sérgio Machado,102’, RJ)

The Pervert’s Guide to Cinema

Folks,

Como vocês classificam algo como sendo bom? Na minha concepção, algo é bom quando transforma o momento, quando me tira da calmaria. Porém, fantástico mesmo é quando além de tirar-me da normalidade, muda permanentemente minha ótica e quando se torna o novo paradigma em determinado segmento.

Sendo assim, trago outra sugestão que obrigatoriamente devo passar à diante: The Pervert’s Guide to Cinema.

Um dos melhores documentários que já assisti. E que também posso classificar como fantástico, pois ele mudou para sempre minha forma de assistir produções cinematográficas. Agora, como um cão, vasculho o quanto for necessário os vídeos para destrinchá-lo e identificar o significado de cada objeto, ação, corte ou tomada.

O longo documentário (2h30), mas que parece passar tão rápido como um trivial folhetim, de nada se remete à enfadonhas palestras ou aulas. O filme mesmo sendo de alto teor intelectual não nos parece cansativo, pois o filósofo, cinéfilo e psicanalista de nome difícil Slavoj Žižek, traça seu contínuo através da história da cinematografia com leves pitadas de comicidade e metalinguagem, fazendo da película uma gostosa aventura investigativa.

É louvável o esforço do filósofo em trazem ao solo em que pisamos, teorias, as vezes, tão enigmáticas e de difícil entendimento. Usando dos artifícios da própria linguagem audiovisual, Slavoj, clareia aspectos antes passados despercebidos por muitos, sempre de mão da psicanálise lacaniana como aporte para o entendimento da poética de seus autores. Cineastas estes dos mais diversos, como: Kubrick, Lynch, Eisenstein, Bergmam,  e com enfoque principal nas obras de Hitchcock, o mais psicanalista em sua opinião.

E como não podia falar do doce, dar água na boca e não ofertá-lo, legendei o filme e dividi em 4 partes para download e ainda o programa para juntar as partes:

Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Hjsplit

Bom filme!

Hélio Nunes.


“Cinema is the ultimate pervert art. It doesn’t give you what you desire, it tells you how to desire.”

The Third & The Seventh

Meus Caros,

Eu precisava postar isso agora para vocês!

Assistam com tranqüilidade esse fantástico curta. Que através de um olhar clinicamente fotográfico, desvenda as minúcias de belos locais, onde esbanja-se arquitetura, natureza e principalmente beleza.

Não contém uma narrativa, mas nos faz aguçar os olhos e pôr a velha pulga atrás da orelha sobre a veracidade ( OU NÃO ) do que estamos vendo.

Primoroso!

The Third & The Seventh por Alex Roman.

Recomendo em HD e Fullscreen.

[ Ou ainda: http://www.vimeo.com/7809605 ]

Alice no País das Maravilhas, e as Crianças no Mundo do Consumo.

Acabo de ler ‘Alice no País das Maravilhas’ de Lewis Carroll, e ao primeiro olhar e à leitura um tanto desatenta, poderia dizer que o livro foi uma porra-louquice da cabeça desse cara, cheio de piras e drogas de todos os tipos. No entanto, após tentar entender elementos e personagens de sua obra, um pouco de sua biografia e história, percebo o quanto sentido há nesse seu estilo tão nonsense. Claro, que por nonsense, não me refiro a sem graça, pois a história toda é muito graciosa, e como diria a própria Alice, tudo parece muito curioso.

Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, escreveu certa vez a uma criança:

“Você costuma brincar de vez em quando? Ou a ideia que você faz da vida é  ‘café da manhã, fazer lições, almoço, fazer lições e assim por diante?’… Essa seria uma forma muito organizada de viver, e seria quase tão interessante quanto ser uma máquina de costura ou um moedor de café. ”

Carroll pretendeu com seu livro e sua personagem Alice mostrar o quão necessário se faz a uma criança, brincar, criar e usurfruir de toda sua possibilidade de imaginação, enquanto criança. Característica que o fez destoar de muitos autores de sua época, em meados do séc. XIX, que estavam mais preocupados em escrever para crianças histórias com conteúdos morais, que mostrassem o que é certo e o que é errado.  Ao passo que para outros, ele foi um dos precursores a inovar na estética, influenciando nas obras de Salvador Dalí, Virgínia Woof, Oscar Wilde, entre outros.

Refletindo sobre isso, e após assistir ao documentário ‘Criança, a alma do Negócio’ (2008) de Estela Renner, percebi que aquela intenção de resgate e preservação da infância de Carroll ao escrever sobre as aventuras tão oníricas de Alice, hoje, parece ter se perdido por completo em meio a necessidade de torná-las consumidoras tão precocemente.

Esta, com certeza, é uma questão muito polêmica e atual dentro da publicidade. Mas sem pretensões de ‘puxar a sardinha dos publicitários’, a raiz disso tudo existe desde muito tempo, iniciando-se com a industrialização na Inglaterra. No entanto, sei que a publicidade teve papel fundamental na fortificação dessa problemática.

É realmente muito ‘engraçado’ quando se pensa que antes, houve quem estivesse tão preocupado e disposto a evitar que as crianças se perdessem tão cedo no mundo dos adultos, e hoje,  essa perdição não é mais feita por livros moralizantes, mas através dessa superexposição a que nossas crianças estão passando à televisão, e a toda publicidade voltada para elas.

Ambos, o livro e o documentário, me fizeram pensar muito a respeito. Portanto deixo aqui o meu mais sincero repudio a publicidade infantil, e um lembrete do perigo dela aos comunicadores que, por ventura, aqui, passarem.

‘Alice no País das Maravilhas’ é a máxima da extrapolação da imaginação, e quem dera pudéssemos deixar aflorar essa criança dentro de nós ao criarmos peças publicitárias, fazendo as mais brilhantes bissecções ideativas, quem dera nossas crianças ainda sentissem vontade de brincar, sem se preocupar com o cabelo, ou com o que está passando na televisão..

Fontes:

– Alice no País das Maravilhas – Pósfácio por Nicolau Sevcenko / Ilustrações por Luiz Zerbini (Aproveito para indicar não só a leitura de Carroll, como o trabalho de Luiz Zerbini na ilustração do livro)

-Criança, a Alma do Negócio(2008) – Dirigido por Estela Renner (Pra quem quiser assistir a esse documentário, ele está disponível em seis partes aqui: http://www.youtube.com/user/MODERACN#p/u)

-Para quem se interessar por uma análise mais profunda e um tanto freudiana do livro:

http://hasempreumlivro.blogspot.com/2007/01/alice-no-pas-das-maravilhas-de-lewis.html